Por Humberto Andrade
O professor Luiz Marins afirma: “A primeira coisa que precisamos deixar bem claro é que ninguém "motiva" ninguém. É a própria pessoa que se auto-motiva. Motivar é ter "motivos". Ter motivos para trabalhar, para se dedicar, para se comprometer, para querer vencer, para querer aprender, para se dedicar àquilo que faz. O que a empresa deve e pode fazer é criar as contingências necessárias à motivação”.
Motivação significa “motivo para a ação”. Em outras palavras é o impulso interno que leva à ação. Assim a principal questão da psicologia da motivação é "por que o indivíduo se comporta da maneira como ele o faz”?
Mas o que fazer para motivar funcionários de uma empresa?
Em seu livro, Transformando Suor em Ouro, Bernardinho nos diz: “A motivação baseia-se em dois pilares: o primeiro deles é a necessidade. Se você precisa, vai “correr atrás” e se dedicar. O segundo é a paixão. Se você gosta, ama o que faz, vai querer melhorar sempre”.
Podemos incluir aí mais um pilar: o desejo. Quando desejamos algo intensamente somos capazes de mover montanhas para conquistarmos o que queremos.
Quanto à necessidade, temos que recorrer a Abraham Maslow, psicólogo humanista, que propôs uma classificação diferente das necessidades. Para ele há cinco tipos de necessidades: necessidades fisiológicas, necessidades de segurança íntima (física e psíquica), necessidades sociais, as necessidades de auto-estima (e autoconfiança) e necessidades de autorrealização.
Alguns livros apresentam essas necessidades sob a forma de uma pirâmide ou escadas, como se primeiro devêssemos saciar as necessidades fisiológicas, depois as de segurança, e na sequência as sociais, de auto-estima e, apenas por último, as de autorrealização.
No entanto, Vicente Falconi nos informa em seu livro, O Verdadeiro Poder, que “o que Maslow propôs é que as necessidades são simultâneas... Maslow menciona que o ser humano é insatisfeito por natureza, mostrando momentos episódicos de satisfação... A única maneira de trazer, não apenas satisfação plena, mas saúde mental (motivação), é fazer um esforço de prover as cinco necessidades de forma simultânea”.
Cabe, portanto, aos líderes e gestores descobrirem e acompanharem, periodicamente, quais dessas necessidades estão mais ou menos satisfeitas em cada colaborador, levando em conta o seguinte: cada pessoa está num estágio da vida. E sua vida fora da empresa influencia diretamente o grau em que uma ou outra necessidade não esteja bem atendida. Onde houver a maior lacuna, eis aí o ponto de motivação mais relevante de cada um, naquele momento.
Se as necessidades estiverem de um modo geral atendidas, bem equilibradas, temos que descobrir as fontes de desejo e de paixão no trabalho de cada pessoa. Sempre lembrando que cada ser humano é um mundo à parte. Que não podemos esperar um comportamento homogêneo num mundo onde as “cabeças” e as emoções são bastante heterogêneas.
É fundamental conhecer a dinâmica da vida das pessoas para ajudá-las a se motivarem. Somente conhecendo as pessoas e as circunstâncias em que vivem somos capazes de desenvolver uma relação de confiança que as ajude a encontrar seus “motivos para a ação”.
A esse respeito Bernardinho acrescenta: “A confiança é a base de qualquer relação. E é sobre esse pilar que devemos construir o relacionamento com nossos colaboradores. As pessoas só se sentem à vontade para cobrar e aceitar as cobranças quando existe confiança, e quando todos estão verdadeiramente comprometidos com os resultados”.
E esta relação de confiança, que resulta em equipes altamente motivadas, só pode ser desenvolvida numa organização quando:
1. A alta-administração acredita firmemente que uma empresa de sucesso é feita por pessoas motivadas, que percebem que a empresa é uma ponte para a satisfação plena de suas necessidades, desejos e paixões profissionais.
2. A alta-administração investe tempo e se envolve, de fato, na definição de princípios e valores que definam claramente a cultura da empresa.
3. A alta-administração mostra a todos o norte da empresa: seu negócio, sua visão de futuro, sua missão e suas diretrizes estratégicas. E como chegará lá: através de seus projetos, processos de negócios e estrutura organizacional.
4. Os demais gestores e líderes valorizam as pessoas e entendem que o potencial de uma organização só pode ser maximizado quando as pessoas estão totalmente engajadas, acreditando no projeto da empresa e confiando em seus comandantes.
5. Os gestores e líderes, contando preferencialmente com o apoio de RH, conseguem mapear o perfil psicológico de suas equipes e descobrem o ponto de motivação mais relevante de cada indivíduo.
6. O líder de cada equipe está apto a manter uma relação franca com cada um de seus funcionários e disposto a ajudá-los a transformar seus “motivos para ação” em resultados para a pessoa e para a empresa. E disposto a convencê-los sobre como conviver bem não só com as oportunidades e virtudes da organização, mas também com seus desafios, dificuldades e mazelas.
7. O líder de cada equipe consegue estabelecer metas que desafiem as pessoas e as tirem de suas zonas de conforto para que permaneçam em constante crescimento.
8. Cada indivíduo possui metas objetivas e dispõe de autonomia para realizar o seu trabalho, sendo incentivado a ter iniciativa e encorajado a arriscar, sem medo de errar.
9. O líder da cada equipe tem coragem de dizer com clareza a cada indivíduo onde está errando, ouvir seus argumentos e dar-lhe uma segunda chance. Motivadas e agradecidas por terem nova oportunidade, as pessoas podem nos surpreender.
10. O líder de cada equipe tem coragem de eliminar as “laranjas-podres” que minam a saúde emocional do ambiente de trabalho, valorizando os que são comprometidos.
Resumidamente, o melhor programa de motivação passa por um programa de competência em liderança. Somente líderes muito bem preparados são capazes de cumprir o roteiro acima e criar um ambiente saudável de comprometimento e resultados constantes e crescentes.
Afinal, as pessoas dificilmente pedem demissão de suas empresas. Em geral pedem demissão de seus chefes imediatos. Sendo assim, somente investindo na escolha, na capacitação e na saúde mental de seus líderes uma empresa pode desenvolver um ambiente de alta motivação.
Leia também "O que é motivação e como motivar pessoas"
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